sexta-feira, 14 de maio de 2010

Exercício de classe - Filipe

Seriemas vermelhas

E Roberval terminou de rebocar o muro. Depois de tantas adversidades, os cidadãos de Monte Verde da Cachoeira Empoeirada querem se livrar das invasões que tem adentrado pela Praça da Árvore. Primeiro vieram os pregadores, exterminados à base de marteladas no crânio e tiros no joelho. Depois, os tropeiros e seus burros fétidos – que passaram a evitar Monte Verde, após a prefeitura, sob pressão dos moradores, ter aumentado os impostos embutidos sobre a venda de ferradura.

Os varguistas, que expulsaram os vendedores de peixe, morreram de overdose de lança-perfumes num sábado de carnaval. Os milicos vieram nos anos 1960, mas só foram expulsos da Praça na década de 1980. Nessa época, uma onda de caganeira levou os moradores a saírem em passeata, usando as ruas como latrina – o odor foi tão forte que os invasores saíram em polvorosa.

Desde então, as seriemas vermelhas, que outrora ocupavam a praça, preparavam um ataque para retomada de seu habitat natural. Alertada pelo Simo (Serviço de Inteligência Monteverdeano), a prefeitura iniciou a construção do muro em 1984. Maior obra de engenharia do país, ele separa a Praça da Árvore do ninho dos pássaros malditos. Roberval está orgulhoso disso.

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