sexta-feira, 14 de maio de 2010

Exercício de classe - Guilherme

Figueirópolis

O passageiro apressado, absorto na própria correria, mal se dá conta de que o chão da praça central sepulta séculos de história. O horizonte, que hoje é dominado pelos imponentes arranha-céus do centro, já foi, há quatro séculos, uma pequena aldeia de índios caçadores.

Ali, à sombra daquela mesma figueira que ainda está de pé, o bandeirante encontrou a planície adequada para fundar uma pequena vila e lá vender sua caça aos colonizadores. E quando descobriu-se ouro no sopé das colinas, aquele mesmo chão recebeu o pé sofrido de escravos africanos, que trouxeram no ombro a primeira carruagem real.

Rei deposto e escravidão proibida, a praça foi alçada à condição de centro comercial: o Teatro Royal chamou os boêmios e a fábrica atraiu os operários. O palco estava montado para que aquele lugar, outrora habitado por selvagens canibais, testemunhasse a ascensão de ditadores militares, de guerrilheiros revolucionários e de empreendedores gananciosos. A figueira continuou ali, indiferente a tudo isso.

Nenhum comentário:

Postar um comentário