terça-feira, 25 de maio de 2010

Resenha - Carolina

Em um primeiro momento, acompanhar apenas as imagens retratadas no livro “A árvore do Brasil”, do ilustrador Nelson Cruz, ignorando as legendas que as acompanham, é um exercício confuso. O olhar, acostumado a lidar com sequências óbvias de imagens, demora a apreender a complexidade de informações dispostas por Cruz.

São 15 ilustrações retratando um mesmo local e suas mudanças temporais. A primeira mostra um cenário de pura mata virgem, e a última, o concreto fechando totalmente a visão do leitor. À medida que a sequência avança e a cidade toma conta, ganha destaque um elemento até então disperso na paisagem: uma árvore frondosa, a única testemunha restante de todas as mudanças retratadas.

Por trás de cada imagem, há muito mais do que passagem clara entre início de civilização e dias atuais. Há todo um retrato da história do Brasil, mesmo que em elementos “escondidos” ou misturados à paisagem: da escravidão à primeira indústria, da Era Vargas ao carnaval de rua, do golpe militar às Diretas Já. Nem todos estão presentes de forma escancarada, mas forçam a busca por referências e um olhar mais atento.

Em determinado sentido, “A Árvore do Brasil” é um livro que permite múltiplas interpretações: é possível lê-lo da forma citada, como uma sequência de acontecimentos, ou de forma individualizada, mergulhando em cada ilustração. São diferentes focos, do mais aberto ao mais fechado, dos quais o leitor pode se valer.

Um comentário:

  1. De modo geral, creio que é possível simplificar o texto, no nível da avaliação e no nível da frase.

    A frase que abre o texto é longua pacas. Eu deixaria a menção às legendas para depois, se for o caso.

    Também é um baita risco terminar a primeira frase da resenha com a ideia de que o livro é "um exercício confuso", que se demorara a "apreender a complexidade". O leitor vais querer prosseguir na leitura? Pra quê? O segundo período (do primeiro parágrafo)faz uma avaliação mais refinada, que não desestimula o leitor. Mas também nele eu perguntaria que olhos são esses que estão acostumados a sequências óbvias de imagens? Que sequências são essas? Dá para saber a que os olhos do leitor estão acostumados?

    As mudanças são mesmo "temporais"? Seria melhor "Mudanças ao longo do tempo"? Dá no mesmo?

    A árvore está "dispersa" na paisagem? Inserida na paisagem?

    Pode-se suprimir "restante" em "única testemunha restante de todas as mudanças retratadas".

    Não faz falta o "todo" em "Há todo um retrato".

    Se o leitor já compreendeu que se trata de um livro de imagens, faz falta a informação "mesmo que em elementos 'escondidos' ou misturados à paisagem"? O que se descreve só poderá estar nas imagens. A última frase do parágrafo já dá o recado de que os elementos enumerados (escravidão, era Vargas etc)nem sempre estão em destaque.

    A frase de abertura do último parágrafo apoia-se em duas ideias meio contrárias, o que produz certa estranheza ("determinado sentido" e "múltiplas interpretações"). Dizer que um texto permite múltiplas interpretações não é muita coisa: basicamente, qualquer texto de ficção, qualquer literatura (para não falar de todo e qualquer texto) abre essa possibilidade.

    "forma citada" deixa a frase pesadona.

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