quinta-feira, 27 de maio de 2010

Resenha - Luiz Gustavo

Um grande passeio visual pela história do Brasil. Essa é a definição do livro “A Árvore do Brasil”, de Nelson Cruz, publicado pela editora Peirópolis.


Completamente ilustrativa, a obra segue por todos os momentos históricos do país, dos tempos das florestas nativas ao fim do século 20. Nas ilustrações, todo o ambiente muda com o passar do tempo, com exceção de um elemento: a árvore, “personagem” central, que presencia cada alteração sem ser retirada.


A profundidade das figuras permite que o próprio leitor, munido de grande riqueza de detalhes, permite que o leitor crie em sua mente a narração dos fatos. É possível presenciar a chegada dos forasteiros no século 19 e a consequente devastação das florestas, que deu origem à primeira vila. A passagem pelo século 20 define em gravuras seus marcos, como o primeiro bonde e a indústria, a campanha de Vargas, carnaval de rua, a ditadura militar e o movimento das Diretas Já.


O desenvolvimento da humanidade impossibilita a compreensão de que fim levou a protagonista. Um encerramento que, por mais natural e compreensível que seja diante de toda a evolução apresentada pelo livro, atinge bem o objetivo de chocar e levar a uma profunda reflexão.


Um comentário:

  1. "Essa é a definição do livro": a frase é dura na queda, não é não? É papel de uma resenha mais ou menos definir (ou dar ideia da, ou mapear) a obra, mas dito assim, para o meu gosto, soa escolar, esquemático. E você começou tão bem com uma palavra leve como "passeio"!

    Fiquei em dúvida com o sentido da expressão "completamente ilustrativa".

    Também achei pouco preciso dizer que a obra "segue por todos os momentos históricos do país". Não todos, né? E, aliás, ainda que mencione alguns, como o movimento das diretas ou Getúlio, trata-se de uma alusão razoavelmente discreta. Não é obra que faça questão das datas oficiais, como Independência, República etc. Não é essa a História que se propõe a contar.

    O final do segundo parágrafo introduz circularidade lógica, apresentando com outra roupagem informação que já havia sido anunciada: "(árvore)que presencia cada alteração sem ser retirada" é mais ou menos igual a "todo o ambiente muda com o passar do tempo, com exceção de um elemento: a árvore".

    "A profundidade das figuras": como em artes visuais "profundidade" tem um sentido estritamente técnico, é bom evitar empregar nesse contexto "profundidade" em seu sentido mais geral.

    "...o próprio leitor, munido de grande riqueza de detalhes". Os detalhes estão no leitor ou nas ilustrações? Sei que o leitor pode se munir dos detalhes que estão na ilustração, mas a frase não é das melhores.

    "permite que o leitor crie em sua mente a narração dos fatos": primeiramente, podemos considerar que a sequência visual já estabelece uma narração (e portanto o leitor está captando o que está proposto pelas imagens; ele não inventa propriamente nada); em segundo lugar, independente de "profundidade", qualquer obra abre a possibilidade de o leitor captar ou estabelecer uma narrativa mental. Aliás, isso é o que acontece na leitura de uma romance ou de uma reportagem em que haja sucessão de acontecimentos.

    "O desenvolvimento da humanidade" faz pensar em algo menos localizado no Brasil; a frase tem um efeito desestabilizador nesse contexto.

    Em uma resenha, "impossibilita a compreensão", 9 em dez vezes, sugere algo negativo. Não que uma resenha não possa apontar defeitos. Mas essa era sua intenção aqui?

    "profunda reflexão": disse a um colega seu que se eu tivesse algum poder eu proibiria o emprego dos adjetivos "profundo" e 'rico" em resenhas. Pois é: "profundo" tem um caráter quase religioso e "rico" parece coisa de revista de decoração. Fica a sugestão: pense três vezes antes de se decidir por empregar "profundo".

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