terça-feira, 25 de maio de 2010

Resenha - Grazielle

O livro de imagens “A Árvore do Brasil”, publicado em 2009 pela editora Peirópolis, é de autoria de Nelson Cruz. O ilustrador conta nas gravuras a história de uma árvore que sobrevive a vários séculos como testemunha da colonização brasileira.

De maneira lúdica e com um traço quase infantil, a história mostra ainda as transformações da paisagem do entorno da árvore com o passar do tempo. A primeira ilustração representa a floresta virgem, em 1800. As imagens seguintes simulam, com intervalos de 20 anos, outros momentos históricos e visuais do país.

As mudanças do local começam a ficar visíveis com a chegada de viajantes, naturalistas e caçadores, e desenvolvem-se a partir da formação de um povoado _que evolui para transformar-se em uma vila com os primeiros jesuítas e escravos. As casas de alvenaria surgem pintadas, com as cores vibrantes usadas em toda a obra, na imagem de 1880.

As construções sobem os morros enquanto os anos de 1900 trazem às gravuras os bondes, as carroças e as primeiras indústrias. No campo dos eventos, a árvore é cenário das greves e do tenentismo da Era Vargas, de carnavais de rua e de protestos contra o golpe militar.

A surpresa do final do livro começa a se desenhar na ilustração das manifestações pelas eleições diretas, em que a primeira viga de uma construção é colocada no local. Ela termina sufocando toda a história.

A obra é uma ótima oportunidade para as crianças aprenderem sobre o desenvolvimento do país e também sobre as transformações do meio ambiente associadas à evolução da nossa sociedade.

Um comentário:

  1. A frase de abertura não tem lá muita força: anuncia o autor do livro.

    "... com um traço quase infantil, a história mostra": "história" e "traço" fazem parte de um mesmo conjunto de noções, de uma mesma categoria semântica? Seria diferente se a frase fosse: "...com um traço quase infantil, as ilustrações/imagens mostram". "Traço" e "ilustração", sim, parecem formar um conjunto.

    Desconfio que no segundo parágrafo já não faz falta dizer que as transformações da paisagem se dão "com o passar do tempo". "Transformação" supõe passagem de tempo e o texto já mencionou "vários séculos".

    No terceiro parágrafo, voltam as ideias de "mudança" e "transformação". Dá para limpar as frases. O primeiro período, por exemplo, faz uma grande volta para dizer que chegam viajantes, naturalistas e caçadores, o que vai acabar formando um povoado.

    No penúltimo parágrafo, o pronome em "ela termina sufocando" refere-se à viga ou à construção (eu sei, é a construção, mas a frase é ambígua).

    "Evolução de nossa sociedade" soa como panfleto governamental. Nesse contexto (e em muitos outros) "evolução" parece trazer embutida a ideia de "melhora", de "superação". No caso, não parece ser essa a mensagem da obra.

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