A árvore bicentenária
No fundo da mata virgem nasce a protagonista da história. Silenciosa, ela não chega a ser heroína de nossa gente, mas se transforma, mantém-se presente e simboliza períodos marcantes da história do país. Presencia profundas mudanças sociais –por ser discreta ou respeitada, não se sabe ao certo. Identificar qual o seu papel fica para o leitor de “A Árvore do Brasil”, do ilustrador Nelson Cruz.
Lançado no ano passado, o livro infanto-juvenil do autor mineiro é baseado em ilustrações. No final da obra até existem legendas que ajudam a compreender uma ou outra imagem. Mas os traços coloridos e centrados em detalhes geralmente são suficientes para narrar a transformação de uma paisagem, onde permanece a personagem bicentenária.
O local genérico (cabe ao leitor decifrá-lo) começa com muitas árvores e alguns índios, recebe os primeiros viajantes, desenvolve-se como povoado, apresenta a indústria e o primeiro bonde e sedia manifestações como a campanha getulista, os protestos contra a ditadura militar e o movimento pelas eleições diretas.
Com esse enredo simples e ao mesmo tempo profundo*, o livro é lúdico e pode ser uma boa ferramenta para a sala de aula, em diferentes disciplinas. Mesmo imóvel**, a árvore percorre contextos até sugerir um futuro incerto, aberto a interpretações distintas. É mais uma tarefa que concede ao leitor: imaginar seu destino.
* Não achei melhor palavra para mostrar essa antítese que percebi no enredo. Você tem alguma sugestão de sinônimo, ou mudaria a construção?
** Outra antítese: achei interessante destacar que, sem sair do lugar, uma árvore consegue percorrer diferentes contextos. Ficou melhor ou continua estranho?
terça-feira, 25 de maio de 2010
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Sobre a supressão de "profundo", tentaria algo como:
ResponderExcluirCom esse enredo simples, mas repleto de importantes referências, o livro é lúdico e pode ser uma boa ferramenta para a sala de aula
Ou
Com esse enredo simples, mas significativo/ instigante/ sugestivo, o livro é lúdico e pode ser uma boa ferramenta para a sala de aula
Da frase final, o que mais acho esquisito é "percorrer contextos" e depois "sugerir um futuro" (misturam-se indicações de lugar e de tempo). Eu optaria por algo como:
Imóvel, a árvore testemunha as alterações do contexto, que sugerem um futuro incerto. É mais uma tarefa que concede ao leitor: imaginar seu destino.