quinta-feira, 27 de maio de 2010

Resenha - Elton

O livro “A Árvore do Brasil”, de Nelson Cruz, traz para as crianças a história do Brasil de 1800 aos dias atuais. Como o título indica, o assunto tratado é alteração na paisagem brasileira ao longo dos anos, cuja centralidade são as árvores.


As imagens ocupam toda a página e os textos explicativos são curtos e diretos, em linguagem apropriada ao público infantil. Algumas palavras, contudo, podem trazer dificuldades por serem pouco usadas, como “alvenaria”, “tenentismo” e “corsos”. O leitor que não as conhecer de antemão precisará associá-las às imagens. Por outro lado, isso pode contribuir para alargar o vocabulário.


Ao longo dos anos, a floresta dá lugar à cidade, que vai adquirindo melhorias. Casas de alvenaria, bondes, fábrica, carros e prédios são erguidos em torno de uma árvore, única representante de uma era dominada pelo verde.


Essa concepção de história é bastante crítica em relação à vida urbana, que se apresenta, assim, incompatível com uma vida ambientalmente correta.


O passado é idealizado como o momento de equilíbrio entre o homem e a natureza. É apenas no primeiro e no segundo quadros que todas as árvores estão em pé. A “marcha da civilização” é mortal para as árvores.


No final do livro é como se o homem tivesse chegado a um beco sem saída. Vislumbra-se apenas uma parede, sem nenhuma árvore à vista.


Com esse espírito, “A Árvore do Brasil” tem o mérito de alertar para os riscos da degradação do meio ambiente, mas recai no niilismo ao não oferecer nenhuma alternativa.

Um comentário:

  1. É fato que o título indica a "alteração na paisagem brasileira ao longo dos anos"?

    "cuja centralidade são as árvores": "cuja centralidade" é coisa séria! A expressão pesa um pouco. Mas, mais importante, é a ideia geral da frase: a centralidade da paisagem são as árvores. No livro? Na vida real?

    Talvez seja cedo para fazer no 2o. parágrafo ressalvas do gênero "Algumas palavras, contudo, podem trazer dificuldades por serem pouco usadas...". Melhor dar fazer primeiro apreciação do que é central na obra (é o que aparece no seu terceiro parágrafo). A conclusão de que "por outro lado, isso pode contribuir para alargar o vocabulário" soa como prêmio de consolação. É argumento fraco em uma resenha, mesmo que de obra destinada à criança. Afinal, não é para isso que se lê, ainda que a ampliação do vocabulário seja um subproduto interessante de qualquer leitura.

    O verbo "adquirir" é o melhor em "vai adquirindo melhorias"?

    Interessantes as análises dos quatro últimos parágrafos.

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