quinta-feira, 27 de maio de 2010

Resenha - Filipe

A ausência de palavras em “A Árvore do Brasil”, do artista plástico e ilustrador Nelson Cruz, faz com que a história que ele conta transborde as 16 imagens que compõe o livro.

A ocupação da floresta com a construção de uma cidade e, posteriormente, a obra de um muro são dois momentos que tanto podem ser tomados como duas histórias distintas, como dois pontos que se conectam. No espaço, no tempo e pela idéia evolutiva que representam. Evolução que termina no vazio. Extensão dela mesma, a cidade some com o advento do muro e o muro acaba em si.

Com o muro, ele próprio uma invasão da paisagem, também são interrompidos os ciclos de invasão do território. Mas serão mesmo interrompidas ou deixam de serem vistos?

Ao mesmo tempo, outros contrastes se constroem: entre os traços quase infantis de Nelson Cruz e o peso histórico que suas ilustrações representam; entre a figura da árvore _que resiste e assiste à boa parte da história_ e a sua não presença ao fim.

Um comentário:

  1. Acho que não funciona bem "transbordar" em "faz com que a história que ele conta transborde as 16 imagens". Fiquei imaginando a "história" transbordando. Imagem surrealista.

    É mesmo um "muro" que ao final está sendo construído? A frase "a obra de um muro" dá conta do recado?

    A interpretação que segue, no 2o. parágrafo, é interessante. Como o argumento em si já é complexo, eu tentaria simplificar a frase, talvez suprimindo a ideia de duas histórias distintas. Para quem não viu as imagens, pode mais obscurecer do que ajudar na compreensão. Também cortaria o trecho que menciona "evolução" (que vai ser reapresentada em seguida). Ficaria com algo mais ou menos assim: "...a obra de um muro são dois momentos que se conectam. No espaço, no tempo. Extensão dela mesma, a cidade some com o advento do muro e o muro acaba em si. Evolução que termina no vazio."


    Historicamente, será que dá para concluir que o tal "muro" interrompe "os ciclos de invasão do território". Interessa para quem não conhece ainda a obra? Daí você vem com perguntas a que o leitor não tem como responder. Não é boa tática em uma resenha.

    "não presença" poderia ser vantajosamente substituído por "ausência"?

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